Na mesma semana em que algumas importantes "faróis" dos mercados levantaram a voz para afirmarem que Portugal está no bom caminho, cada vez mais próximo do sucesso da Irlanda e cada vez mais distantes do fracasso (mais do que provável) grego, logo surgiram pesadas críticas de responsáveis alemães.
Primeiro foi Merkel, que apontou o dedo à Madeira, depois foi a vez do também alemão Martin Schulz criticar a política externa portuguesa.
O presidente do Parlamento Europeu, sentiu-se incomodado com a visita que o primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, fez a Angola no passado mês de Novembro. Uma visita que teve um objectivo claro: tentar captar mais investimento para Portugal.
Schulz afirma que o destino de Portugal é claro: o declínio, mas também enfrentamos "o perigo social para as pessoas, se não compreendermos que, economicamente, e sobretudo com o nosso modelo democrático, estável, em conjugação com a nossa estabilidade económica, só teremos hipóteses no quadro da União Europeia". Diriamos, com amigos (parceiros europeus) destes!
Ora o mesmo Schulz só pode ser um homem distraído. É que exactamente no Verão do ano passado, a sua Chanceler, visitou o mesmo país, exactamente com o mesmo objectivo. Na altura, certamente, o homem estava de férias, e a notícia passou-lhe ao lado.
São consistentes os sinais de que Portugal (Governo, sindicatos, patrões e oposição responsável) está no bom caminho. O contexto é adverso, o passado é pesado, mas a determinação é muita. Ainda esta semana, também os mercados deram um sinal positivo, ao exigirem juros mais baixos a Portugal para colocar a sua dívida, em contraste com o que se passou com outras economias de maior dimensão.
Mas também é claro que há um conjunto de “forças” que estão determinadas a provar que Portugal não vai conseguir levar a carta a Garcia. Contra tudo e todos, resta-nos apenas trabalhar.
PS1: Em apenas nove dias o ‘spread’ da ‘yield’ das obrigações de Portugal a 10 anos face às congéneres alemãs corrigiu mais de 27%.
PS2: O défice comercial português caiu para metade. É uma boa e uma menos boa notícia. Positiva, porque revela que muitas empresas portuguesas estão a conseguir ganhar quota de mercado nos mercados internacionais, que por estes dias, estão inundados de companhias a tentarem vender os seus produtos.
Menos boa, porque os mesmos números também demonstram que as importações estão em queda, fruto do menor consumo e investimento interno. Embora ainda aqui se observe um dado curioso e positivo: assistimos a uma substituição das importações. E isso no fundo corresponde a uma vitória das nossas empresas face às estrangeiras, no próprio mercado.